Diferenças transexuais detectadas na varredura cerebral

Diferenças na substância branca do cérebro que colidem com o sexo genético de uma pessoa podem ser a chave para identificar pessoas transexuais antes da puberdade. Os médicos poderiam usar essas informações para adiar a puberdade e melhorar o sucesso de uma mudança de sexo posteriormente.

Os médicos desejam encontrar evidências físicas concretas para ajudar as crianças que sentem que estão presas no corpo do sexo oposto. Uma região cerebral importante envolvida é o BSTc, uma área de substância cinzenta. Mas a região é pequena demais para ser escaneada em uma pessoa viva, então as diferenças só foram percebidas post-mortem.

A equipe de Antonio Guillamon, da Universidade Nacional de Educação a Distância, em Madri, Espanha, acha que encontrou uma maneira melhor de detectar um cérebro transexual. Em um estudo a ser publicado no próximo mês, a equipe executou exames de ressonância magnética nos cérebros de 18 transexuais de homem para mulher que não tiveram tratamento e os compararam com os de 24 homens e 19 mulheres.

Eles descobriram diferenças significativas entre os cérebros masculino e feminino em quatro regiões da substância branca e os transexuais de mulher para homem tinham substância branca nessas regiões que se assemelhavam a um cérebro masculino (Journal of Psychiatric Research, DOI: 10.1016 / j.jpsychires.2010.05 .006). "É a primeira vez que se mostra que os cérebros de transexuais de mulher para homem são masculinizados", diz Guillamon.

Em um estudo separado, a equipe usou a mesma técnica para comparar a substância branca em 18 transexuais de homem para mulher com a de 19 homens e 19 mulheres. Surpreendentemente, no cérebro de cada transexual, a estrutura da substância branca nas quatro regiões estava a meio caminho entre a do sexo masculino e feminino (Journal of Psychiatric Research, DOI: 10.1016 / j.jpsychires.2010.11.007). "Seus cérebros não são completamente masculinizados e não feminizados, mas ainda se sentem femininos", diz Guillamon.

Guillamon não tem certeza se as quatro regiões estão associadas a noções de gênero, mas Ivanka Savic-Berglund, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia, pensa que elas podem estar. Uma das quatro regiões do fascículo longitudinal superior é particularmente interessante, diz ela. "Ele conecta o lobo parietal [envolvido no processamento sensorial] e o lobo frontal [envolvido no planejamento do movimento] e pode ter implicações na percepção do corpo".

Um estudo de 2010 com 121 pessoas trans descobriu que 38% perceberam que tinham variação de gênero aos 5 anos. As diferenças de substância branca poderiam fornecer confirmação independente de que essas crianças poderiam se beneficiar do tratamento para retardar a puberdade.

Um estudo realizado pela equipe de Sean Deoni no King's College London sugere que em breve será possível procurar essas diferenças nessas crianças. A equipe de Deoni adaptou um scanner de ressonância magnética para ficar o mais silencioso possível, para que pudesse ser usado para monitorar o desenvolvimento da substância branca em bebês que dormem. Utilizando um novo software de análise de imagem, eles puderam rastrear quando e onde a mielina foi depositada a cobertura do neurônio que torna a substância branca branca (Journal of Neuroscience, vol. 31, p. 784). Embora a amostra seja pequena demais para identificar diferenças de gênero no desenvolvimento, Deoni espera que as diferenças se desenvolvam no cérebro "aos 2 ou 3 anos de idade".

Guillamon acha que essas varreduras podem não ajudar em todos os casos. "Pesquisas mostraram que a substância branca amadurece durante os primeiros 20 a 30 anos de vida", diz ele. "As pessoas podem experimentar início precoce ou tardio da transexualidade e não sabemos o que causa essa diferença".

Source: http://www.newscientist.com/article/dn20032-transsexual-differences-caught-on-brain-scan.html/